segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Esporte radical e solidariedade



Equipe Foz Vertical arrecada alimentos em evento que divulga o rapel, modalidade que pode ser praticada por pessoas de todas as idades, inclusive crianças.

A equipe de rapel Foz Vertical realizou nesta segunda-feira a entrega de mais de 130 quilos de alimentos para a Associação Cristã do Doente e Deficiente (ACDD). A doação faz parte do projeto Rapel Solidário, uma iniciativa que quer divulgar o esporte enquanto ajuda entidades assistenciais do município. A primeira edição do projeto aconteceu no último sábado no condomínio Village San Francisco. Mais de 50 pessoas, a maioria crianças, desceram os 13 andares de um dos prédios do conjunto em troca de um quilo de alimento não perecível.

A doação vai ajudar a diversificar a merenda da ACDD e, conforme o presidente da entidade Jerônimo de Camargo, uma parte será repassada à famílias carentes. “Temos muitos alunos cujas famílias são bastantes pobres, então isso será encaminhado na forma de cestas básicas para elas”, disse Camargo. Atualmente a ONG, localizada na Vila A, atende 110 alunos com deficiências cognitivas. “Nosso principal objetivo é preparar essas crianças e jovens para o ensino regular, além de dar uma orientação às famílias”, completou a coordenadora da escola, Selma Martins Araújo.

Foz Vertical








Além da finalidade social, o evento também serviu para desmistificar a idéia de que o rapel é um esporte perigoso e de risco. “É claro que o risco existe. Mas nossa equipe tem cursos, os equipamentos são de qualidade, estão com a manutenção em dia, as descidas são planejadas. É uma série de condições que garantem que nada vai dar errado”, explicou. O esporte pode ser praticado por crianças a partir dos três anos, desde que acompanhadas por um monitor.

A equipe, hoje formada por 15 membros, também faz treinamentos abertos para o público em geral todos os sábados à tarde. O exercício é feito em prédios, cachoeiras e até na Ponte Tancredo Neves. Para participar é preciso pagar R$ 15. O custo dá direito a um treinamento básico e a descer até três vezes. A programação é publicada na comunidade Foz Vertical no orkut.

quarta-feira, 4 de março de 2009

E que sonho...


Nenhum filme me fez pensar tanto sobre a minha própria vida como Foi apenas um Sonho, que assisti hoje de tarde. Queria chegar em casa e escrever sobre o que achei do longa, depois de ficar algumas horas digerindo a história, mas acabei topando com um texto da Martha Medeiros que, simplesmente, já diz tudo! Então reproduzo aqui o texto que, originalmente, tinha sido publicado aqui.





Querer entrar
(Martha Medeiros)

O filme O Curioso Caso de Benjamim Button é bem elaborado e tem algumas cenas para constar do rol das inesquecíveis, mas é uma história tão surreal que merecia uma direção mais amalucada e divertida, a exemplo do espírito do conto de Scott Fitzgerald que lhe deu origem. E Brad Pitt poderia ter se esforçado mais, dá a impressão de que entregou o papel nas mãos do maquiador e do computador. Ou seja, me pareceu um bom filme, mas não me tocou. A verdade é que continuo preferindo histórias dolorosamente reais e enxutas, a exemplo de Foi Apenas um Sonho, o meu candidato ao Oscar, se ao Oscar ele tivesse concorrido.

Belo casal mora numa bela casa com um belo jardim e belos filhos. O marido está adaptado à rotina, mas a mulher arrasta correntes. Sente-se uma estrangeira dentro da própria vida. Queria ser alguém especial, e não apenas mais uma como as outras, com um destino facilmente presumível: repetir os dias. Em determinado momento do filme, um diálogo rápido e cortante resume seu estado de espírito. Ao se abrir com o vizinho a respeito desse seu vazio inquietante, ele se mostra compreensivo: “Eu entendo. Você queria sair dessa, não?”. Ela responde: “Eu queria entrar!”.

É o toque de mestre do diretor Sam Mendes, que mais uma vez acerta a mão ao tratar sobre o desespero de se deixar engolir pelo caminho mais fácil: viver a vida de todo mundo.Kate Winslet, excelente no papel da dona-de-casa entediada que sonha em ser atriz e morar na França, inverte o lugar-comum com essa sua resposta inesperada. Vivendo um cotidiano aparentemente perfeito, ela não está dentro do jogo - está fora. Não está enquadrada - está vivendo à margem. Sua intuição diz que a vida acontece no imprevisto, na mudança, no movimento, nos mergulhos culturais, na troca de ideias, estando em trânsito, e não estacionada.

Ela está presa do lado de fora. Não precisa sair, já foi “saída” pelo comodismo, já está expulsa do seu paraíso imaginário, lá onde ela não seria mais uma, ao menos não a seus próprios olhos.Pode dar a impressão que ela é a antenada do casal, e ele (Leonardo DiCaprio, extraordinário, colocando Brad Pitt no bolso) é o careta, o conformado, mas não é bem assim. A questão não se trata de quem sonha mais alto.

A questão é: você está dentro?Não interessa se a porta que você escolheu abrir te leva pra uma casa no meio do mato, para a movida madrilenha, para um ashram na Índia, para um farol numa ilha desabitada ou para uma cobertura em Nova York – são apenas cenários, enquanto que o dilema a ser resolvido em nossas vidas está no roteiro: você está satisfeito com a condução do seu personagem? Se avaliar sua própria história até aqui, dá pra dizer que era esse o filme que você sonhava participar? Sente-se confortável no seu papel, seja ele qual for?

Então está dentro

domingo, 1 de março de 2009

Falta de solidão

O caos na redação do New York Post/ Sean Hamerle

Meu último post neste blog foi há exatos dez dias. Não que eu queira dar uma explicação pela demora, pois já tinha dito no início que os posts não teriam periodicidade alguma, mas só pra responder a algumas pessoas que me perguntaram: Não escrevi por excesso de pessoas ou, como disse o Augusto, falta de solidão. Veio visita para o Carnaval e por isso passei os últimos dias passeando, mostrando os pontos turísticos da cidade e “fazendo sala”. Até tive tempo, mas, pra mim, escrever quando a casa ta lotada não rola.

Até pouco tempo atrás eu só conseguia sentar pra escrever quando havia quase que silencia absoluto. Diferente de outros que escrevem apenas sentados na frente do computador, numa tarefa extremamente pacífica e concentrada, eu quando escrevo preciso levantar, dar uma caminhada pensando nas idéias, depois voltar escrever algumas frases, dar mais uma caminhada, ler em voz alta, depois reescrever metade das idéias, e por aí vai. Com gente em casa, sempre vinha alguém perguntar o que eu estava fazendo ou me distrair com alguma coisa. E, assim, acabava desistindo ou largando o texto pela metade pra continuar quando houvesse um pouco de solidão.

Por causa dessa minha mania, uma das coisas que mais me aterrorizavam quando comecei a estudar jornalismo foi o medo de não conseguir trabalhar numa redação, cheia de gente. E, pra dizer a verdade, foi bem difícil.

Quando comecei a trabalhar no
Diário da Manhã (em Passo Fundo) éramos doze repórteres na redação. Doze na mesma sala, um computador do lado do outro, sem divisórias, sem portas, sem nenhuma separação, sem qualquer isolamento acústico (bem parecido com a redação da foto, só que menor e sem ninguém usando gravata). E o pior, eram doze pessoas barulhentas. O dia inteiro tinha gente falando. Se comentava sobre as notícias do dia, cada repórter falava sobre o que tava fazendo, pediam sugestões, falavam alto no telefone, gritavam uns com os outros, sem contar nas fofocas. Dessa dúzia, tinha 8 repórteres mulheres. E como todos sabem as mulheres tem um número grande de palavras para descarregar todos os dias.

Silêncio só tinha no banheiro e era pra lá que eu fugi várias vezes, nos meus primeiros dias, pra tentar escrever. Levava um bloquinho, escrevia e depois voltava pra minha mesa pra passar tudo pro computador. Era um saco, mas foi a única forma que achei para conseguir redigir as matérias que tinha que entregar no final do dia. Acho que fiz isso por umas três semanas, depois acabei me incorporando à baderna.

Trabalhava do mesmo jeito que escrevia em casa, lendo em voz alta e dando meus passeios para arejar as idéias. Ninguém dava bola, tinha até quem que fizesse igual. Com o tempo fui me aperfeiçoando. Ao mesmo tempo que escrevia, conversava com os colegas e atendia ligações. Quem olhava de fora dizia que éramos loucos. Acho que é algo do tipo “a lei da selva das redações”. Não existe redação silenciosa e quem não aprende a se acostumar no meio do tumulto, não agüenta. É uma loucura, mas uma loucura muito boa! Ai que saudades!!!!!!!

***

Só para registro

Escrevi este texto sozinha, no escritório de casa com o ar condicionado ligado para fugir do calor de 35ºC de Foz do Iguaçu. Augusto só entrou por 30 segundos pra me trazer um café (combustível) e um sanduichinho. (Espero não me mal acostumar!)

***

A propósito

A foto é do Columbia Journalism Review que reuniu fotos de redações de vários jornais, rádios e canais de tv dos Estados Unidos. Idéia semelhante é a de Juan Antonio Giner, que reúne imagens de redações de vários países e, inclusive, aceita fotos de outros veículos de comunicação que queiram fazer parte do acervo.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CASO PAULA OLIVEIRA A mídia no meio da polêmica




O assunto mais comentado na última semana tem sido, sem sombra de dúvida, a polêmica da advogada brasileira radicada na Suíça, Paula Oliveira, como muito bem disse o pai da garota uma vítima, seja “de uma agressão ou de um distúrbio psicológico”.

A história, que parecia ser uma ataque xenofóbico e agora parece estar se revelando como o velho “golpe da barriga”, desencadeou uma série de discussões sobre a falta de checagem na imprensa.
O Observatório da Imprensa traz esta semana vários textos, que valem a pena a leitura, que discutem a atuação da mídia na divulgação do caso.

Na minha opinião, jornais, portais, emissoras e até blogs de jornalistas renomados erraram ao “tomar as dores da brasileira” e assumir o fato como um ataque xenofóbico sem questionar ou apurar o caso de forma mais aprofundada. O que me pareceu pior foi como a imprensa tentou defender a brasileira ao publicar entrevistas de amigos e ex-colegas da advogada afirmando que ela era uma pessoa maravilhosa e incapaz de forjar um ato como o que lhe está sendo atribuído. Ou seja, como se a opinião de alguns conhecidos tirassem o fato de que Paula Oliveira pode sim sofrer algum tipo de transtorno mental que a levou a se autoflagelar ou simplesmente ter forjado a agressão conscientemente.

O que eu espero agora é que a imprensa não mude totalmente de versão e comece a afirmar que tudo não passou de uma farsa. Vale lembrar que o caso ainda está sob investigação.
O Blog do Noblat, um dos primeiros que publicou o suposto aborto da brasileira, apontou alguns questionamentos interessantes. Afinal, porque Paula Oliveira faria algo assim?

“Logo ela que estava pronta para casar com um suíço e continuar morando na Suíça? Logo ela que tem o emprego estável e bem-remunerado de advogada em Zurique da empresa dinamarquesa A P Moeller/Maersk, líder mundial em transporte de contêineres? Paula trabalhou para a Maersk em São Paulo. Convidada pela empresa, mudou-se para a Suíça. Uma pessoa descontrolada emocionalmente, a ponto de retalhar o próprio corpo, seria capaz de desenhar com um estilete a sigla de um partido político nas coxas e na barriga só para conferir credibilidade à história de que fora atacada por três neonazistas?”

Bom, como disse o próprio Noblat, aguardaremos novos fatos. Enquanto isso vale a pena aproveitar o momento para refletir sobre a atuação da imprensa e, para os jornalistas de plantão, pensar o que fariam se tivessem que dar a notícia da suposta agressão que causou aborto. Será que você teria feito diferente? Eu, sinceramente, não sei.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lá vou eu...


Estou com saudades de escrever. Esse foi o principal motivo que me levou a criar este blog numa quarta-feira de calor infernal em Foz do Iguaçu.

Foram três anos seguidos trabalhando em jornais, escrevendo todos os dias, tendo a obrigação de escrever todos os dias. Mas ultimamente não escrevo mais nada a não ser listas de compras e respostas curtas em conversas no MSN. Não por falta de idéias, mas por falta de disciplina. Fiquei muitas vezes com vontade de escrever, nada rebuscado, coisas simples, uma opinião sobre um filme, uma indignação sobre um tema qualquer...fui deixando, deixando e não escrevi nada.

Agora estou aqui, escrevendo a introdução para um blog que espero que seja onde vou depositar todas as idéias que estão guardadas “na gaveta”.

Não vou prometer nada. Não vou dizer que vou escrever diariamente, semanalmente, etc. Não quero freqüência nenhuma. Já fiz isso, criei um blog (não um, vários) e ele acabou caindo no esquecimento e morreu.

Quem sabe desta vez, sem promessas, sem pré-definições, sem grandes pretensões a não ser desabafar de vez em quando, eu consiga levar isto aqui a diante.

A partir de hoje, neste cantinho, um pouco de tudo. Só pra não perder a disciplina
.